segunda-feira, 17 de outubro de 2011

APARTHEID CULTURAL

Esse assunto vem me incomodando há muito tempo e apesar de já ter entrado em contato com várias e várias fontes, nenhuma resposta me satisfez.


Quando menciono um filme aqui, muitas vezes fico pensando se as pessoas vão conseguir ter acesso a eles, ou só uma pequena fatia de expectadores.


Estou falando de uma cidade como o Rio de Janeiro, (imagina no restante do país, em que cinemas e livrarias são quase sempre um luxo).  mas que é dividida ao meio em termos culturais.  Em uma parte teatros, livrarias e cinemas com programação de qualidade.  Nas demais partes filmes populescos, muitos shoppings e shows de qualidade duvidosa! O mais curioso é que nessa área chamada de "menos nobre" estão  bairros com as maiores rendas per capita  da cidade!!!


Porque será que os filmes franceses, argentinos, e de outras nacionalidades, por exemplo, só são exibidos em alguns cinemas. Para conseguir ver alguns filmes o espectador tem que ter muita disposição e tempo : às vezes é necessário atravessar a cidade inteira, o que nem todos podem ou querem fazer. Porque não existe uma divisão mais democrática da cultura pelos diversos bairros.   

Chegou-se  ao absurdo de em alguns cinemas, mesmo nos filmes mais populares, só existir uma sessão legendada (em geral a última).   Será que os exibidores julgam que os expectadores desses bairros não sabem ler?


Se você extrapolar para as locadoras de DVD, a história é parecida  : os grandes grupos de locadoras, presentes em todos os bairros, disponibilizam os filmes com grandes bilheterias, enquanto algumas pequenas locadoras, presentes somente em alguns bairros, cumprem o papel de ter em seu acervo todos os tipos de filmes.


Já não é suficiente o que as emissoras de TV fazem, reservando os programas de qualidade para a TV paga e deixando para a TV aberta a programação apelativa, tosca e sem qualquer conteúdo?  Sempre que existem shows ao ar livre é tiro e queda : na Zona Sul, jazz, bossa nova, rock.  Do outro lado da cidade pagode, funk, rap (nada contra esses ritmos, só não aceito a falta de diversificação!). 

Porque será que foi decretado que as "camadas menos favorecidas" não podem gostar de outros tipos de música? E o que é pior : como gostar do que você não conhece, do que nunca viu ?  É fundamental que haja democratização no acesso ao conhecimento. 


Com esse tipo de atitude, o abismo está se tornando cada vez maior, impossibilitando que haja interatividade entre as diversas camadas.  Ou será que a idéia é essa?
 

Discriminação e separatismo não!!

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