terça-feira, 21 de dezembro de 2010

PROCURA-SE UM AMIGO

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimento, basta ter coração.
Precisa saber falar e saber calar, sobretudo, saber ouvir.

Tem que gostar de poesia, da madrugada, de pássaros, do Sol, da Lua, do canto dos ventos e do murmúrio das brisas.
Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. 

Deve amar o próximo e respeitar a dor que todos os passantes levam consigo.
Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem mesmo é imprescindível que seja de segunda mão; pode já ter sido enganado…

Não é preciso que seja puro, nem que seja de todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de perdê-lo; no caso de assim não ser, deve sentir o grande vazio que isso deixa.

Tem que ter ressonâncias humanas; seu principal objetivo deve ser de ser amigo; deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.

Deve ser D. Quixote sem, contudo, desprezar Sancho.
Deve gostar de crianças, lastimar as que não puderam nascer e as que não puderam viver.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova quando chamado de amigo; que saiba conversar de coisas simples, de orvalho, de grandes chuvas e de recomendações de infância.

Precisa-se de um amigo para não enlouquecer, para se contar o que viu de belo ou de triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.

Deve gostar de ruas desertas, de poças de chuva, de caminhos molhados, de beira de estrada, do mato depois da chuva e de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a penar viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar, para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas.


Precisa-se de um amigo que nos bata no ombro, sorrindo e chorando, mas que nos chame de amigo.

(Tentei achar o autor desse texto, que me acompanha há ´muitos anos mas sem sucesso.  É creditado de  Vinícius de Moraes, a Chico Xavier, mas nenhum confirmado)

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